sábado, 27 de fevereiro de 2010

RIDENDO CASTIGAT MORTOS! :)

Pode uma casa de banho púbica pertencer àquilo que chamamos media?

Se reflectíssemos sobre como a vida quotidiana era há 20 anos atrás e se nos dessem a possibilidade de regressarmos a ela, muito provavelmente seríamos meia dúzia de líricos ou lunáticos a querer viver no tempo em que não havia os suportes tecnológicos que fazem parte integrante do nosso quotidiano.

Consegue imaginar como seria a vida sem telemóvel, sem messenger, sem e-mail, para não falar de tudo o que vai surgindo cada dia que passa?

São também poucos aqueles que conseguem viver o seu quotidiano sem televisão, sem jornais. O banho quotidiano de informação é grande e multifacetado, sendo que o objectivo é sempre seduzir, incentivar, ideologizar, publicitar e empurrarmo-nos para o consumo.

Então “media” o que significa? Vem do latim “medium” e quer dizer meio ou instrumento de comunicação. Eis que chegamos à sociedade de comunicação/informação/conhecimento/novas competências, etc.

Hoje ninguém consegue fugir à notícia que é talvez o género jornalístico mais consumido no nosso dia-a-dia. O que é que faz a notícia? Que prioridades os media põem no objecto de notícia? Tudo isto depende necessariamente da audiência. E aqui entra a poderosa propaganda publicitária. Somos então agredidos na rua, nos transportes públicos, no carro, no cinema, na tv, na net, na imprensa, nos outdoors, na rádio, no estádio de futebol, no festival de rock, na praia, no multibanco, no telemóvel, nos centros comerciais e até, imagine-se, nos WC´s públicos. Sendo caso para pensar que já nem nos deixam mictar descansados. Fica a faltar, então, a publicidade na cama. Para tal, a EDP poderia assinar um protocolo com as empresas interessadas e poderia canalizar através dos fios da corrente eléctrica distribuídos por toda a casa com sensores de alta sensibilidade ao ponto de poderem disparar com publicidade. E se tal vier a acontecer, ouviremos qualquer coisa como a sua insónia é patrocinada pela Clínica do Sono Good Luck! (em português daria Boa Sorte!), passe a publicidade.


Ou, caso tivéssemos flatulência, ouviríamos qualquer coisa como o seu fá sustenido produzido do interior das suas vísceras abdominais tem o patrocínio de Stop Farting (em português, Pare de Peidar) passe a publicidade. E, se essa invasão se estendesse às camas dos hospitais? Então ouviríamos qualquer como a sua cirurgia foi patrocinada pela Bisturi LDA, passe a publicidade. Mas como nascemos e morreremos, então poderíamos escutar docemente qualquer coisa como o seu parto foi patrocinado por Sun´s Mother (em português, Sol da Mãe, não confundir “Sun” com “som” e, muito menos, não cometer a gafe de pensar que se retrovertermos literalmente “filho da mãe” para inglês, isso tenha mau sentido), passe a publicidade; então a coisa ficava mais séria se ao morrermos escutássemos qualquer coisa como Reaching Your Limit (em português, atingindo o seu limite), passe a publicidade. Neste caso, então, talvez o morto (irado) se levantasse e dissesse qualquer coisa como: - Oh seus sacanas de merda! Vocês é que atingiram todos os limites! Que merda de país que já nem se pode morrer em paz! Da-se!

Então o ex-morto levantar-se-ia da cama do hospital e correria em cuecas para o tribunal. Então no final da sessão, em plena sala de audiências, o ex-morto , com cara de carneiro mal morto, ouviria qualquer coisa como esta sessão foi patrocinada por Your Honor, I Object! (em português, eminência eu protesto …

(Conceição Lusitano, in Públicoisanenhuma Julho 2009)

2 comentários:

  1. Infelizmente o Mundo onde vivemos parece não querer voltar a um tempo voltado para a tolerância , para a compreensão e para um certo respeito interpessoal . Não digo que as novas tecnologias são uma maldição , mas acho que de uma certa forma dão origem a uma standardização populacional . Por exemplo : se o Stop Farting fosse um sucesso de vendas , a pessoa que se recusasse a reconhecer a sua eficiência seria - usando as sábias palavras do malogrado Heath Ledger - cast away , like a leper. Um exemplo um pouco parvo eu sei , mas acho que ... in a nutshell , somos todos levados a concordar com aquilo que é aceite pela maioria e o mais impressionante é que aquilo que nós escolhemos/aceitamos para ser diferentes e únicos , acaba por se tornar uma moda , que depois ... fica fora de moda . Acho que o mesmo se passa actualmente nas relações entre pessoas , mas sobre isso , ainda tenho muito em que pensar / talvez aprender ( ou não , caso já tenha um pé na cova = caso tenha comprado o disco Reaching Your Limit ) , mas pronto, uma sábia professora minha disse que qualquer movimento contra-cultura é sempre dominado ou até mesmo reprimido pela sociedade , e um homem só não pode fazer a diferença ( a não ser que seja o Frodo do Senhor dos Anéis ) por isso....it´s the end of the world , as we know it - como cantaram os sábios REM.

    P.s : sei que foi uma contribuição um pouco pobre para este blogue , but it was the best I could think of , sorry :)

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