sábado, 27 de fevereiro de 2010

DE-SA-MOR

I

O SILÊNCIO ... MATOU-NOS ...
O DIÁLOGO FOI MORTO PELO SILÊNCIO ...
A IDEIA DE AMOR FOI MORRENDO
PAULA
TINA
MENTE...
O QUE RESTA AGORA?
ESPERANÇA NÃO,
LEMBRANÇA DE
UM
FUGAZ MOMENTO
QUE NOS PERMITIU
SONHAR QUE O AMOR EXISTE ...:)
NÃO, NÃO EXISTE ...
O QUE EXISTIRÁ É A MORTAL VONTADE ILUSÓRIA DE QUE ELE EXISTE...


I

EIS ESTA FORMA DE AMOR...
EM QUE OS ÍNTIMOS SE CONVERTEM
EM VERDADEIROS ESTRANHOS
POR FORÇA DO ESQUECIMENTO
FRUTO DA PASSAGEM INDELÉVEL DO TEMPO.
E O LEITO DO AMOR SE TRANSFORMA
NO LEITO DERRAMADO DA RAIVA
E DA INDIFERENÇA
NO CAUDAL
DO
DE
SA
MOR

IN PACE


QUE EM CADA FERIDA QUE NOS DÓI
RENASÇAM FLORES DE ESPERANÇA
DE EM BREVE NOS SENTIRMOS
EM PAZ
SEJA COM QUEM FOR.

APODREÇO-ME


I
HÁ UM TEMPO QUE SE ESVAI
NUMA CLIVAGEM SUCESSIVA
TUDO CAI POR TERRA
NUMA IDEIA DE QUE
ONTEM, HOJE ... NÃO EXISTIMOS
TUDO ISTO SEI BEM QUE É O QUE NÃO QUERO.

II

A MINHA ALMA TEM SONO. A VIDA ARREPIA-ME E SÓ ME APETECE MORRER. SINTO-ME GOZADO PELA VIDA. A VIDA MAGOU-ME. SE SOUBESSEM OS QUE ME GLORIFICAM QUANTO MEDO HÁ DENTRO DE MIM.

III

APODREÇO-ME DE SOLIDÃO...
TRAI-ME O TEMPO QUE NÃO PÁRA...
E QUALQUER TOQUE, POR MAIS LEVE QUE O FOSSE, JÁ SERIA TANTO...



UBIQUIDADE


O VENTO, QUE ME TRAZIA UM CHEIRO NAUSEABUNDO, E QUE NUM VAI VEM ME ENTRAVA PELAS NARINAS ADENTRO, SEM AVISO.
O SOL AQUECIA-ME O PENSAMENTO E TRAZIA-ME UMA IDEIA AGRADÁVEL DE ESTIO E ME PONHA LONGE DALI E EU ESQUECIA QUE AINDA ERA INVERNO. MAS O SOL EMPURRAVA-ME PARA O VERÃO. E EU ENTÃO IMAGINAVA UMA ORLA MARÍTIMA ATLÂNTICA QUENTE E PERFUMADA DE UM INTENSO PERFUME DE MARESIA.

RIDENDO CASTIGAT MORTOS! :)

Pode uma casa de banho púbica pertencer àquilo que chamamos media?

Se reflectíssemos sobre como a vida quotidiana era há 20 anos atrás e se nos dessem a possibilidade de regressarmos a ela, muito provavelmente seríamos meia dúzia de líricos ou lunáticos a querer viver no tempo em que não havia os suportes tecnológicos que fazem parte integrante do nosso quotidiano.

Consegue imaginar como seria a vida sem telemóvel, sem messenger, sem e-mail, para não falar de tudo o que vai surgindo cada dia que passa?

São também poucos aqueles que conseguem viver o seu quotidiano sem televisão, sem jornais. O banho quotidiano de informação é grande e multifacetado, sendo que o objectivo é sempre seduzir, incentivar, ideologizar, publicitar e empurrarmo-nos para o consumo.

Então “media” o que significa? Vem do latim “medium” e quer dizer meio ou instrumento de comunicação. Eis que chegamos à sociedade de comunicação/informação/conhecimento/novas competências, etc.

Hoje ninguém consegue fugir à notícia que é talvez o género jornalístico mais consumido no nosso dia-a-dia. O que é que faz a notícia? Que prioridades os media põem no objecto de notícia? Tudo isto depende necessariamente da audiência. E aqui entra a poderosa propaganda publicitária. Somos então agredidos na rua, nos transportes públicos, no carro, no cinema, na tv, na net, na imprensa, nos outdoors, na rádio, no estádio de futebol, no festival de rock, na praia, no multibanco, no telemóvel, nos centros comerciais e até, imagine-se, nos WC´s públicos. Sendo caso para pensar que já nem nos deixam mictar descansados. Fica a faltar, então, a publicidade na cama. Para tal, a EDP poderia assinar um protocolo com as empresas interessadas e poderia canalizar através dos fios da corrente eléctrica distribuídos por toda a casa com sensores de alta sensibilidade ao ponto de poderem disparar com publicidade. E se tal vier a acontecer, ouviremos qualquer coisa como a sua insónia é patrocinada pela Clínica do Sono Good Luck! (em português daria Boa Sorte!), passe a publicidade.


Ou, caso tivéssemos flatulência, ouviríamos qualquer coisa como o seu fá sustenido produzido do interior das suas vísceras abdominais tem o patrocínio de Stop Farting (em português, Pare de Peidar) passe a publicidade. E, se essa invasão se estendesse às camas dos hospitais? Então ouviríamos qualquer como a sua cirurgia foi patrocinada pela Bisturi LDA, passe a publicidade. Mas como nascemos e morreremos, então poderíamos escutar docemente qualquer coisa como o seu parto foi patrocinado por Sun´s Mother (em português, Sol da Mãe, não confundir “Sun” com “som” e, muito menos, não cometer a gafe de pensar que se retrovertermos literalmente “filho da mãe” para inglês, isso tenha mau sentido), passe a publicidade; então a coisa ficava mais séria se ao morrermos escutássemos qualquer coisa como Reaching Your Limit (em português, atingindo o seu limite), passe a publicidade. Neste caso, então, talvez o morto (irado) se levantasse e dissesse qualquer coisa como: - Oh seus sacanas de merda! Vocês é que atingiram todos os limites! Que merda de país que já nem se pode morrer em paz! Da-se!

Então o ex-morto levantar-se-ia da cama do hospital e correria em cuecas para o tribunal. Então no final da sessão, em plena sala de audiências, o ex-morto , com cara de carneiro mal morto, ouviria qualquer coisa como esta sessão foi patrocinada por Your Honor, I Object! (em português, eminência eu protesto …

(Conceição Lusitano, in Públicoisanenhuma Julho 2009)

Deixa-me!

I

DEI
XA


-ME

Deixa-me se partires ...
Se te fores embora ...
Deixa-me repar ... tido na espuma das ondas do mar ba ... tido ...


II

De flores era o jardim onde namorávamos...

Anoiteceste-me a vida ... Quando ... Te foste embora ...

Oh meu raio que te partes! Meu filho de uma luz que não se apague pra mim ...

É este o meu binómio (des)feito no desejo e no medo.

Muito alegre, isto sim, de estar bem triste por não saber se te vou voltar a ver comigo.


III

CORPO PORTO
MORTO TORTO
TORVO PORCO
CORVO

IV

FINCAPÉ PÉ RODAPÉ
CANAPÉ SEMPRE EM PÉ
TOMA PÉ METE O PÉ
VAI A PÉ ANTE PÉ







Necro-chamada

A vida veio ter comigo... Enquanto eu nem dava por ela e chamava a morte...